"Mãe, já reparou que na Pompéia só tem prédio verde?!?"
A mãe olhou pro edifício em frente ao ponto de ônibus e assentiu com a cabeça.
"Sabe por que, filho?"
O menino fez que não com a cabeça.
"Porque há muito tempo atrás, quando esses prédios todos foram construídos neles moravam muitos passarinhos. E eles gostam muito da cor verde, que parece com a das árvores, né?"
"É... mesmo???"
"Verdade, filho".
"E por que é que agora os passarinhos não moram mais nos prédios, mãe?"
"Moram sim! Quem disse que não?"
"Ué, eu não vejo eles lá..."
"Filho, não é só porque você não está vendo que não está lá. Muitas coisas, a gente não vê, mas elas existem".
Wednesday 14 April 2010
Monday 14 September 2009
Monday 31 August 2009
Cafuné
Ensinei por aí uma palavra que nao existe em espanhol: cafuné. Cariñitos, dizem na Espanha. Mas nao é igual. Cafuné é uma coisa única, deliciosa, que se extende por minutos a fio, por entre os fios do cabelo, atrás da orelha, baixando até o cangote. Fazer cafuné é uma arte: é preciso adequar a pressao das maos e passear sem monotonia pelas áreas acarinhadas para manter a sensaçao de prazer. Se bem feito, as pontas dos dedos cafuneadores ficam cheirando o cheiro da pessoa cafunada por dias a fio até. A nossa língua é mesmo uma gostosura...
Eu faço cafuné. Nao sao cariñitos, sao cafunés mesmo.
Obrigada mae, por me ensinar a ser tao carinhosa.
Eu faço cafuné. Nao sao cariñitos, sao cafunés mesmo.
Obrigada mae, por me ensinar a ser tao carinhosa.
Thursday 19 March 2009
Encontro das almas
"Vem..., conversemos através da alma.
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.
Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamo-nos pelos pensamentossem línguas, sem lábios.
Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino.
Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e vêem rostos.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.Já que todos somos um, falemos desse outro modo.
Como podes dizer à tua mão: "toca", se todas as mãos são uma?
Vem..., conversemos assim...
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem.., se te interessas, posso mostrar-te."
(poema árabe por JudDinRumi)
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.
Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamo-nos pelos pensamentossem línguas, sem lábios.
Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino.
Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e vêem rostos.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.Já que todos somos um, falemos desse outro modo.
Como podes dizer à tua mão: "toca", se todas as mãos são uma?
Vem..., conversemos assim...
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem.., se te interessas, posso mostrar-te."
(poema árabe por JudDinRumi)
Friday 13 March 2009
"Eu tenho uma espécie de dever, de dever sonhar sempre. Pois,sendo mais do que uma expectadora de mim mesma, Eu tenho que ser o melhor espetáculo que posso. E assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, invento palco, cenário para viver meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis." Desassossego - Fernando Pessoa
Thursday 12 March 2009
Tempo (nosso)
Esperava...
Esperava, de mãos cruzadas sobre a saia do vestido de sonhos. Alheada do mundo restante, da luz e da sombra, do branco e do negro. Tinha tecido uma teia de cores que ninguém via. Sentia-se enredada nela, imobilizada. Nem um dedo mexia, naquela espera. Só o vestido ondulava, convite a quem conseguisse olhá-la e ver. Mas à volta dela, para lá da teia, todos pareciam cegos. Talvez surdos também. Porque, embora quieta no sonho com que se vestia, dela saía um grito que podia acordar o mundo. Um terrível grito de silêncio.
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