Esperava, de mãos cruzadas sobre a saia do vestido de sonhos. Alheada do mundo restante, da luz e da sombra, do branco e do negro. Tinha tecido uma teia de cores que ninguém via. Sentia-se enredada nela, imobilizada. Nem um dedo mexia, naquela espera. Só o vestido ondulava, convite a quem conseguisse olhá-la e ver. Mas à volta dela, para lá da teia, todos pareciam cegos. Talvez surdos também. Porque, embora quieta no sonho com que se vestia, dela saía um grito que podia acordar o mundo. Um terrível grito de silêncio.
Thursday, 12 March 2009
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