Tuesday 27 January 2009

O silêncio

Após alguns minutos do filme coreano "Primavera, verão, outono, inverno... e primavera" eu já estava certa de que uma das coisas que a gente deveria aprender com os asiáticos é a ficar calado. Ninguém diz quase nada e isso diz muito. A nossa mente doa-se toda ao olhar e as sobrancelhas ficam tagarelas como só vendo. Como toda fala é imperfeita, porque as palavras o são, costumamos dizer e redizer e redizer a mesma coisa, tentando garantir com novas falas que o outro capte a mensagem e na maior parte das vezes só confundindo-o mais e mais. Aliás, todo potencial de beleza e poesia vem justamente dessa imperfeição.
O silêncio também é parte da poesia, o que se diz exclui diversas possibilidades e essas ausências são imprescindíveis na definição do que lá está. Na amizade também o silêncio é revelador: só ficamos em silêncio com quem realmente gostamos, caso contrário ele, vilão, oprime e constrange.

simples... belo... perfeito

http://www.youtube.com/watch?v=u5cgHwXiusA&NR=1

Monday 26 January 2009

Moçambique e Brasil, diferenças e aproximações (por Mauricio Rodrigues)

"Moçambique é o 175º país dos 179 listados no Human Development Index (Índice de Desenvolvimento Humano), documento elaborado pela ONU, publicado em 2008 com base em dados colhidos em 2006. O documento classifica os países em três grupos, Alto, Médio e Baixo Desenvolvimento. Moçambique esta no ultimo grupo, é claro. O Brasil é o 70º país da lista. Está no grupo do Alto Desenvolvimento. O Índice leva em consideração a expectativa de vida, alfabetização, educação e qualidade de vida dos paises analisados. Mas o que separa de fato o Brasil e Moçambique nesta lista? Qual a diferença entre eles, o que acontece entre essas 105 posições que separam os dois?

lucro acima do povo?

lucro acima do povo?

Moçambique tornou-se independente de Portugal em 25 de junho de 1975. Logo em seguida entra em guerra civil, onde duas forças políticas, hoje partidos, a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) esquerda socialista e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) centro-direito neoliberal, se enfrentaram pelo controle do país. As duas forças assinaram um tratado de paz em 1995. Mas por conta de dificuldades econômicas, ainda 1987 (logo após o “acidente aéreo” que matou Samora Machel, primeiro presidente do país), Moçambique assinou acordos com o Banco Mundial e o FMI. O que condicionava o país a abandonar definitivamente o caráter socialista de seu governo. Primeiro veio a desindexação dos preços dos produtos de consumo e mais tarde a privatização de empresas estatais. Nos anos mais recentes o País, para poder cumprir com a cartilha do FMI e banco Mundial, tem feito, além de constantes cortes orçamentários nos serviços públicos, reformas nestes para que os mesmos possam alcançar números. Na educação, por exemplo, a reforma curricular dos cursos de magistério estipulou a redução da duração destes cursos de dois e meio, para apenas um ano.

O numero de professores necessários é enorme, e o governo pretende atingi-lo em quatro anos! A corrida pela quantidade desconhece o mínimo de qualidade. As escolas primárias, de primeira a sétima classe, usam sistema de aprovação semi-automática. Aqueles que conhecem o sistema de educação do Brasil têm uma idéia do que isso causa na qualidade dos estudantes aprovados. Alunos mal preparados, professores desqualificados! Um ciclo que daqui a quatro anos, no meu entender, vai estar maior e pior. As escolas privadas, cobrando absurdos da população pobre, começam a aparecer mesmo nas zonas mais remotas, como onde estou, e já arrebatam os filhos de quem pode pagar.

No Brasil, programas como Brasil Alfabetizado continuam produzindo números, e o descaso com a educação publica faz com que a educação seja um dos negócios mais lucrativos que alguém possa ter. O numero escalabroso de universidades privadas que pipocaram no país depois dos acordos assinados com BM e FMI mostra que o cenário moçambicano não é único. Vale lembrar aqui que o ultimo acordo de 30 bilhões de dólares entre o Brasil e o FMI ocorreu em pleno período eleitoral de 2002, e que o fato de Lula concordar com este acordo permitiu a classe-média, a pequena burguesia brasileira, se sentisse confortável em votar num candidato que não era nem a sombra daquele que em 1994 foi boicotado pela edição do debate na TV global.

Outro fato curioso em Moçambique, no aspecto sóciopolítico, é que os “intelectuais” e a juventude “politicamente engajada” são de direita. Uma amiga que estava na Venezuela me disse que o mesmo ocorre lá. A FRELIMO (socialista) é o partido majoritário, algo em torno de 95% das cadeiras das assembléias, congressos, prefeituras e por ai vai. Mas a RENAMO, Resistência Nacional, (neoliberal) agrega os “pensadores”, os “revolucionários”. Dizem que mesmo integrantes do Partido Nacional, FRELIMO, votam na oposição, já que o voto é secreto. Recentemente o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, em uma entrevista ao vivo, brincava de responder um repórter da TV Moçambique, obviamente da FRELIMO. As perguntas com intuito de desmoralizar a pessoa de Dhlakama e seu partido eram respondidas com uma sagacidade digna das velhas raposas políticas internacionais. Assim, há um espectro de democracia no país. A FRELIMO domina tudo e todos. Abusa da máquina do estado durante campanhas. Pessoas para exercerem cargos públicos, como diretor de escolas, chefes hospitalares, administradores públicos, qualquer função, precisam ter a carteira do partido, precisam ser filiados. O partido tem uma grife, lojas no shopping em Maputo. E mesmo no interior, as lojas de decido vendem uma capulana, rouba tradicional para mulheres, com estampas de Samora e Josina Machel, ou mesmo, com os brasões do partido. Na verdade não há opção. A FRELIMO é o único partido a ser votado! E como todo eleitor não quer perder seu voto, vota naquele que sabe que vai ganhar. Num país em a média de analfabetismo chega a 51,9% da população e 66,7% das mulheres, não é espanto algum encontrar analfabetismo político.

Não defendo o neoliberalismo da RENAMO, mas tão pouco apoio o pseudo-socialismo da FRELIMO. Nenhum e nem o outro traz verdadeira esperança de libertação para um povo que está acostumado, depois de séculos de colonização, a ser dominado e que infelizmente continua a baixar a cabeça para lideranças incapazes e corruptas.

No Brasil, analfabetismo político, campanhas com o uso da máquina e do dinheiro publico, somada às campanhas publicitárias que dão a impressão da existência de apenas três ou duas opções, montam um quadro no mínimo semelhante.

Há ainda mais a ser dito, corrupção política e policial, saúde pública, comércio externo, agricultura. As semelhanças vão crescendo, mas a novelas, especialmente a juvenil global, pinta uma figura distorcida da realidade e alimenta esperanças nos corações inocentes dos que acreditam que é realmente assim como aparece na TV. Brasil, o primo rico, está mais para o primo mais velho que comete erros à nossa frente. Oportunidade de aprender com os erros dele!"

(tirado de http://maoricio.wordpress.com/)

Sunday 25 January 2009

Chocolate Beer and doughnut-flavoured lemons

If I was forced to live my life in a film, then I probably wouldn’t choose Willy Wonka and the Chocolate Factory – after all, the poor kid is completely impoverished, and whichever version you watch, Willy Wonka is pretty damn sinister. Plus, that Veruca girl… she’s one seriously irritating little b****.

However, yesterday I learnt of something which quite possibly could change my mind: the ‘Taste Tripping’. Currently gaining popularity in New York as an alternative night out – it’s an event in which people ‘trip’ their taste buds into believing that everything they eat is sweet.

Basically, you’re given a berry (Synsepalum dulcificum – also known as the 'miracle fruit') and told to hold it in your mouth for about a minute. A protein in the berry called miraculin binds with your taste buds and acts as a sweetness inducer when it comes in contact with acids. Lemons, mustard, cheeses, pickles – you name it – will taste like chocolate, honey, toffee and cream cakes.

The New York Times visited one of these parties in Manhattan a few months ago, reporting that one woman took a huge gulp of Guinness and announced it tasted like a chocolate shake, while another had Tabasco sauce dripped onto her tongue and thought it was hot doughnut glaze.

The effects of the fruit should last for a couple of hours or so, but apparently this was too long for some New Yorkers who started to get irate when absolutely everything they consumed tasted different – especially wine which was unpleasantly sweet. At least they didn’t turn purple and blow up like a giant blueberry…

Personally, I think this sounds incredible; eating oysters like chewing gum and sprouts like cheese cake. It could also possibly be used as a diet supplement in which people overcome their sweet cravings by tricking their minds into thinking they’re eating chocolate when really they're munching on celery.

And with no other dangers involved I don’t see much of a problem… unless of course you eat too many and start seeing Umpa Lumpas. In fact, wait – that would be amazing.

Perhaps I’ll stick a few berries in my pocket and find out…

Friday 23 January 2009

Where the Hell is Matt?

AMAZING

http://www.youtube.com/watch?v=zlfKdbWwruY&feature=related

Thursday 22 January 2009

Wednesday 21 January 2009

Jab bot tic cab ba

mo
momen
momento to confuso
confu
con
fuso
so
fuso horários
contínuos
nuos
os daqui
e os
os de lá
me me mento
fuso para fuso
re
redon
redonda
re
don
da

ja bo ti ca ba

uma música que me faz viajar... mto.

http://www.youtube.com/watch?v=UkUUaxjQCfI

Friday 16 January 2009

v i d a

Dispa-se...
Tire suas roupas...
Torne-se índio outra vez...Deixe seus chacras abertos, eles precisam respirar!!!
Reencontre a sua inocência, pinte-se de azul, coloque um colar de semente no pescoço.

Olhe-se...
Olhe-se no espelho com os olhos físicos e os olhos da alma.
Em que tipo de ser humano você se tornou?
Você é a pessoa que você sempre sonhou em ser?
Qual o rumo que a sua existência está tomando?
Olhe mais de perto...
Não se julgue, não se repreenda, apenas seja você mesmo.

Dance...
Depois de dar uma boa olhada em você, comece a dançar.
Celebre a vida, celebre a sua existência, dance a música do universo...
Siga as batidas do seu coração.

Libere...
Solte o seu EU primitivo e comemore!!!
Você não está aqui por acaso, o universo depende da sua existência (pode acreditar!!!)
Grite, cante, faça uma oração, um decreto, ou simplesmente fique em silêncio e ouça o nada (ele tem muito a dizer).
"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." (Amyr Klink)

Wednesday 14 January 2009

Smiling eyes, Smiling face, Smiling heart. Smiles all over me.


I must be dreaming..... actually... I really hope I'm not.
I have no words to describe what I'm feeling right now.
I just can say... I'm smiling. A lot.

Instante...

Instante, seja fugaz, terno e tempo e terno. Fugaz...
Ande, ainda que o sol brilhe recente e o dia recém se levante,
ante o fim iminente, o escuro rompante,
antes do ocaso do ente, cante seu silvo de estrela cadente.
Seja fugaz, terno e tempo e terno. Fugaz...
Não passe enquanto eu penso, amante distendido e tenso,
seja sobretudo nada, denso instante.

Monday 5 January 2009

Leituras Dez. 2008

Il treno dell' ultima notte - "O trem da ultima noite" - Dacia Maraini
Il cacciatore di aquiloni - "O caçador de pipas" - Khaled Hosseini
Un' albero cresce a Brooklyn - "Uma árvore cresce em Brooklyn" - Betty Smith
La solitudine dei numero primi - "A solidão dos números primos" - Paolo Giordano
Va dove ti porta il cuore - "Vai aonde te leva o coração" - Susanna Tamaro
Spells Trouble - Clarice Bean
La ragazza dall orecchino di perla - "A rapariga do brinco de pérola" - Tracy Chevalier
"A era dos impérios"- Eric J. Hobsbawm

afogada em letras

Laura tecia frases mas isso não bastava. Seus mundos imaginários espalhavam-se pelo quarto, ao lado dos perfumes, cadernos e roupas. Eram tantas imagens, metáforas, parábolas e fábulas pelo chão, empilhadas atrás do armário e embaixo da cama, que ela pensava que um dia encontraria as respostas que procurava assim, escrevendo. Um dia decidiu que para entender as pessoas precisaria conhecê-las por dentro, e lá se foi investigar os mistérios do corpo humano. Mas não se pode conter a rebelião do pensamento, e quando a avalanche de idéias se dirigia em direção à mão e caneta, ela se sentava e costurava mais fios de experiência no papel.
Cada um desses escritos tinha sido importante. Não ousava Laura varrê-los dali, mesmo sabendo que existia um lugar aonde iam parar as frases não ditas, os manuscritos amassados, as palavras rabiscadas, os originais censurados, de ilustres e medíocres escritores, poetas, loucos e amantes. Deixava tudo ali mesmo, onde tinha caído, descartado temporariamente ou para sempre.
Dessa vez era o último texto, estava decidida. A mente febril criava, a mão materializava. Letra após letra, sem cessar, e cada canto vazio do quarto ia sendo tomado por amores, conselhos, reflexões, desabafos. Uma crítica estendeu-se da janela até o teto. Uma poesia se multiplicava, dava a volta na estante, uma rima se enroscava no quadro. Estava mergulhada num mar escrito. Do pescoço para baixo já não conseguia se mover, e escrevia apenas balançando levemente os dedos. Um adjetivo sujo borrava a maquiagem das bochechas. Um trocadilho sutil fazia-lhe cócegas no nariz. Quase não respirava mais. Mas escrevia. Era a última vez, a libertação. Na frente dos olhos ficou um poema romântico, daqueles em que tudo é pálido e sombrio. Fechou os olhos e desistiu de ler. Respirar era cada vez mais difícil. Uma prosa comprida, prolixa, se enrolou em seu pescoço. Estava longe do desfecho, as personagens ainda nem tinham surgido. Prosseguiu. A cada frase, ofegante, se aproximava do fim do enredo. O destino do herói seria feliz, decidiu Laura. O pescoço doía, estava submersa em palavras. O braço já não obedecia. Os pensamentos eram difusos. O fim da prosa se aproximava, e ela se entristecia em deixá-la incompleta. Do fundo da alma, buscou forças. Respirou fundo, concentrou-se e escreveu sua última palavra: fim.